A Beleza Divina do Universo

Andar, andar, andar quero andar...  

Outro dia, andando pelas estradas de Minas, numa região linda, próximo a Alvorada de Minas, eu ia pelo caminho encantada, extasiada pela beleza que me cercava e se fazia mais ousada a cada curva.

Os cheiros dourados tocavam meus ouvidos, os sons frágeis perfumavam minhas emoções e as formas... ah! as formas...  elas alçavam seu voo por aquele espaço-tempo, dançando com a luz;  as nuvens desenhavam o céu, o sol brincava de esconde-esconde com as montanhas, o verde se deixava pintar pelo colorido das flores.

Ali, bem de frente dos meus olhos, a natureza acontecia e eu, como uma voraz compulsiva, me embebedava daquilo tudo.  

Centenas de milhares de registro intensos, luminosos e estonteantes fixavam-se na minha esclera incauta, a cada fração de segundo.

Era Beleza pura e da maior qualidade.

Segundo Rollo May[1], Aristóteles conceituava a Beleza como: “a condição em que tudo se entrosa perfeitamente,como quando uma teoria científica ou no Paternon, se tem a convicção de que nada pode ser acrescentado ou subtraído. Todas as partes estão em harmonia com todas as outras partes”.

Sim, naquele momento eu estava saboreando a conceituação aristotélica de beleza, nada precisava ser acrescido ou subtraído, tudo era estonteantemente harmônico.

A cada nova fotografia que se imprimia nos meus olhos, eu agradecia o Universo, com voz retumbante.

Num dado momento, meu companheiro me perguntou: O que é Universo para você?

Sem nenhuma censura as palavras voaram espontâneas da minha boca: “Universo é o lado coletivo do Divino”.

Na hora não pensei no que falava, mas, depois, fez todo sentido para mim: Universo é, realmente, a manifestação coletiva do Divino; é a expressão Divina nos “elementos”, nos seres, nos acontecimentos, no todo... na vida.

No mesmo livro,May[2] coloca outra definição de Beleza, que segundo ele, foi inventada por Pitágoras, adotada por Platão e mais tarde por Plotino: “Beleza é o esplendor eterno do Uno que se manifesta através dos Muitos. Ou seja, nas muitas formas diferentes em nosso universo,o Uno transluz e da significação a tudo.”

Talvez, Deus, Universo e Beleza sejam a mesma coisa. Vou reformular: na minha crença Deus é o Universo, Universo é Deus e a Beleza é a representação materializada Deles.

Um a coisa é certa, aquilo que eu estava experimentando, naquele momento, com os meus sentidos, com meus sentimentos, com a minha inteireza era, sem sombra de dúvida, O Divino materializado na Beleza do Universo.

Maria Tereza Naves Agrello






[1]May, Rollo. Minha busca da beleza. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992, p.44.
[2] May, Rollo. Minha busca da beleza. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992, p.44.

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